Não era medo!
Não era indolência
Não era fraqueza...
Apenas, ele estava sem palpite!
Preso em uma situação que não criou ou imaginou
Não tinha metas, não tinha qualquer luz
Que por tênue que fosse
Lhe indicasse o seu Norte
Ele não estava depressivo
Nem ao menos se encontrava triste
Mas, a maneira com que o mundo
Se movimentava em seu eixo
Gradativamente foi o deixando para trás
Tão para trás, que nada via à frente
As pessoas lhe falavam e questionavam
A sua estranha forma de viver
Porém nenhuma delas, esteve realmente
Preocupada em ajudar
Até mesmo, porque ele não queria ser ajudado
E nem mesmo ver o que havia mudado
E qual seria a aula em que havia faltado.
E assim foi seguindo quieto e discreto..
Até o dia, em que passou a ser apenas parte...
Da cinzenta paisagem, na qual o mundo havia se
transformado
E, assim como ele, tantas outras vidas haviam perdido o
brilho...
Com o qual, todas as vidas se iniciam
Restavam apenas, os sonhadores e os otimistas de plantão
Para os quais o final do arco íris, era logo ali
Sua vida se transformara, em um looping de proporções enormes
Que se movia em câmera lenta, em uma proporção absurda de
lentidão
Ele não ansiava pelo fim, pois o fim para ele seria
indolor...
Assim como, o era sua trajetória, que muitos denominavam,
inútil.
Simplesmente ele, dormia acordava e, até mesmo,
trabalhava
Comunicava-se laconicamente, sem jamais demonstrar
tristeza ou agressividade
Na tabela de valores, podia-se dizer que era uma boa
pessoa
Vícios? Não havia nenhum, nada de dependências
Já havia amado algum dia, mas ninguém sabe como acabou
Ou se realmente algum dia acabou, isso ficou na incógnita
Jamais foi visto discutindo, futebol, política ou religião
Essa última, era para ele mais do que indiscutível
Dado à forma como a entendia...
Para ele, Deus tinha que ser mais explícito, pois ele, nunca
se ateve a mistérios
Acredito, que seu agnosticismo o isentava de incorrer em pecados
Só posso afirmar que sempre o admirei nunca tentei uma opinião
Sobre sua maneira de “viver”, a até porque não me
competia
Ele não expressava suas opiniões, e nisso eu no admirava
Quando sua jornada se encerrou, não deixou qualquer
legado...
Que o lembrasse como pessoa, aos que só o viam de
passagem
E tentavam, dar um rumo à própria vida
Contudo, acredito, que assim como eu, alguma pessoa tirou
algum sentido de sua existência
E que por mais que planejemos nosso trajeto e comportamentos
O final sempre será o mesmo, com forma não programável de
terminar
E que todo final, seja ele, feliz ou triste, acaba no
mesmo
Como disse uma pessoa a qual amei muito, ao se ver em seu
leito de morte...
“O tudo sempre acaba no nada”
Lemos, 27/12/2022
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