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terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Cinzenta paisagem

 



Não era medo!

Não era indolência

Não era fraqueza...

Apenas, ele estava sem palpite!

Preso em uma situação que não criou ou imaginou

Não tinha metas, não tinha qualquer luz

Que por tênue que fosse

Lhe indicasse o seu Norte

Ele não estava depressivo

Nem ao menos se encontrava triste

Mas, a maneira com que o mundo

Se movimentava em seu eixo

Gradativamente foi o deixando para trás

Tão para trás, que nada via à frente

As pessoas lhe falavam e questionavam

A sua estranha forma de viver

Porém nenhuma delas, esteve realmente

Preocupada em ajudar

Até mesmo, porque ele não queria ser ajudado

E nem mesmo ver o que havia mudado

E qual seria a aula em que havia faltado.

E assim foi seguindo quieto e discreto..

Até o dia, em que passou a ser apenas parte...

Da cinzenta paisagem, na qual o mundo havia se transformado

E, assim como ele, tantas outras vidas haviam perdido o brilho...

Com o qual, todas as vidas se iniciam

Restavam apenas, os sonhadores e os otimistas de plantão

Para os quais o final do arco íris, era logo ali

Sua vida se transformara, em um looping de proporções enormes

Que se movia em câmera lenta, em uma proporção absurda de lentidão

Ele não ansiava pelo fim, pois o fim para ele seria indolor...

Assim como, o era sua trajetória, que muitos denominavam, inútil.

Simplesmente ele, dormia acordava e, até mesmo, trabalhava

Comunicava-se laconicamente, sem jamais demonstrar tristeza ou agressividade

Na tabela de valores, podia-se dizer que era uma boa pessoa

Vícios? Não havia nenhum, nada de dependências

Já havia amado algum dia, mas ninguém sabe como acabou

Ou se realmente algum dia acabou, isso ficou na incógnita

Jamais foi visto discutindo, futebol, política ou religião

Essa última, era para ele mais do que indiscutível

Dado à forma como a entendia...

Para ele, Deus tinha que ser mais explícito, pois ele, nunca se ateve a mistérios

Acredito, que seu agnosticismo o isentava de incorrer em pecados

Só posso afirmar que sempre o admirei nunca tentei uma opinião

Sobre sua maneira de “viver”, a até porque não me competia

Ele não expressava suas opiniões, e nisso eu no admirava

Quando sua jornada se encerrou, não deixou qualquer legado...

Que o lembrasse como pessoa, aos que só o viam de passagem

E tentavam, dar um rumo à própria vida

Contudo, acredito, que assim como eu, alguma pessoa tirou algum sentido de sua existência

E que por mais que planejemos nosso trajeto e comportamentos

O final sempre será o mesmo, com forma não programável de terminar

E que todo final, seja ele, feliz ou triste, acaba no mesmo

Como disse uma pessoa a qual amei muito, ao se ver em seu leito de morte...

“O tudo sempre acaba no nada”

 

Lemos, 27/12/2022

 

 

 

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