Nunca lavei a roupa que usava
Nem plantei ou cozinhei o que comi
Jamais varri o chão onde pisei
E sequer tracei algum mapa
Nunca li as bulas dos remédios que
tomei
Não me lembro de escolher uma parceira
Mas nunca fiquei só uma semana inteira
Não chorei leite derramado
Nunca busquei um culpado
Pelas reviravoltas da vida
Tive ilusões, mas não foram perdidas.
Pois ao seu tempo foram substituídas
Sem entrarem para a minha história
Tive algumas batalhas, mas não arrotei glórias.
Pois orgulho só enche o vazio
Como diz minha mulher amada
Cem anos ainda é pouco
Diante da longa estrada
Que se abre à frente da pessoa
Que se queda, ou esbraveja.
Sobre as intempéries da jornada.
Nunca cozinhei o que comi
Nunca desdenhei do que aprendi
Com pessoas melhores do que eu
E que eu não via como tal
Mas, nem por isso me causou desconfiança.
E o respeito que demonstrei
Ainda é minha melhor lembrança
Durmo bem quando tenho sono
E se não o tenho fico acordado
Jogando com meus loucos pensamentos
Que ora, me fazem sorrir.
Outras vezes, me trazem tormentos.
Que se dissipam ante a realidade
De que certo ou torto
Sou eu...
A minha única verdade
Que, amiúde, mente
Para minha alma, que algo renitente.
Insiste em que eu
Encontre-me enquanto gente!
Lemos
20 05 2017
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