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quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Marcas do tempo

 


Chegou chegando e causando em mim

Veio calorosa, afável e, aparentemente feliz

Fez-se amiga e muito mais

Presenteou-me com sorrisos e paz

Cresceu em meu coração espaçoso

E eu, simplesmente, deixei acontecer!

Por necessidade, comodidade...

Ou talvez...

Por não vislumbrar uma outra opção.


E assim fomos seguindo, sem que sequer

Eu tivesse qualquer tipo de pensamento

Não via outra opção, nem achava necessário

Que houvesse uma outra saída

 

Você foi se tornando, cada vez mais afável

Cada vez mais importante

A cada dia mais tocante, e mais tocável

Foi, onde fui me emaranhando

E seguindo, sem nunca me preocupar

Em marcar ou decorar o caminho

Dessa maneira viajei por alguns anos

Que durante a festa, foram os melhores

Que imaginei que alguém poderia viver.



E aquilo, como um milagre de amor

Foi crescendo enquanto eu sem saber

Ia diminuindo, dia após dia...

Sem sequer me dar conta da dimensão

Do sonho escravocrata, no qual eu flutuava

Nada mais ouvia, além da sua voz

Nem respirava onde não havia o seu perfume.



Até que um dia, sua amabilidade foi diminuindo

E eu nada percebia, dentro da redoma em que me via

Seu perfume, que foi descontinuado

Ainda viaja por minhas narinas

Não vejo, meus cabelos embranquecidos

Parei naquele tempo, por décadas

Depois que você saiu do meu mundo ‘encantado”



Você me encontrou triste, porém inteiro

E me deixou pequeno, apenas um pedaço do que fui,

Porém incapaz, de rir ou de chorar

Ao me ver, escrevendo essas melancólicas memórias

Consigo lembrar vagamente do meu mundo

Que era supostamente normal, antes do evento, "você".

Mas, que não me levaria a tais divagações

A vejo, de vez em quando por aí

Com o mesmo sorriso, já com marcas do tempo

Porém, nem por isso menos encantador.



Contudo, encantamento também é suscetível

De prazo de validade, pelo menos

No que tange a minha pessoa

"Decifra-me" ou te devoro, frase marcante

Não a decifrei, jamais a decifrarei!

Entretanto, não fui devorado

Sobrou, uma mente calejada para relembrar...

Duas mãos! Cansadas para digitar.

Fazendo uma reconstituição não fiel

Pois como já sabemos eu, estava sob magia.



Sem poder voltar para ver, e o relógio segue adiante

E os tijolos coloridos, já não mais pavimentam a estrada

Talvez, nem você mesma, possa se traduzir

E ainda há estrada à frente, para todos

Os que caminham sobre a Terra.

Foi boa minha viagem, e acredito que também o foi

Para você que se deixou viajar.


Sei lá por qual cargas d’água

Essa história de amor se fez escrever

Da forma ambígua como foi escrita

Ver entrar em minha vida...

Um sonho que eu não sonhava

Uma alma, que por si só se afirmava

Como, incompatível com meu modo de ser

Pois me enxergava como o menor dos caminhos...

Uma pedra sem valor, que jamais brilharia.



Mesmo assim, pisou em minhas pegadas

Talvez para mensurar o tamanho dos meus passos

Não nos tornamos, felizes para sempre

Já sabíamos de antemão que isso não existe

Foi você quem soprou o apito inicial

E por isso mesmo, sentiu-se no direito de decretar o final.

A única frese que me sobrou

Foi dizer que, ponto final nunca é aplicável...



Pois, todas as histórias que conheço

Ainda reverberam pelo mundo

E impactam, positivamente ou não...

Dentro da vida das pessoas.

Me deixando a certeza de quê...

Tudo que extraiu de mim

 

Foram coisas boas!

 

Lemos 28/12/2022

 

 

 

 


4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom é um resumo de vidas en geral se fosse músicas

Anônimo disse...

Muito bom poderia ser a vida de varios personagem

Anônimo disse...

Muito bom esse conto..... Pode ser de vidas de muitas pessoas a nosso redor, e as vezes nem desconfiamos.. Bruno Diogo

onilsepol disse...

Obrigado Bruno!