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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Nua e crua.



Caminhava por uma rua.
Que parecia, não ter fim
Sempre pensando.
Não paro de pensar!
Foi quando:
O passado acenou pra mim
A principio, não dei atenção
Como me ditou, a voz da razão
Contudo, razão não se dá com coração.
E este; por sua vez
E tão acostumado, a ser eterno freguês
Mandou-me sereno:
A devolver, o imoral aceno
Devolvi e continuei andando
Quando,então, ouvi a voz do passado
Sensualmente me chamando
Aí, foi demais pra mim.
Já não era, tão passado assim
E por isso mesmo, parei.
Deveria ter pensado
Contudo; nada pensei
No que seria errado ou certo
O passado, estava ali
Presente e de braços abertos
Como fugir do laço?
Como fugir da promessa?
De um delicioso abraço.
Deixei-me abraçar
Nem por isso morri
Não sei, se valeu à pena
O corpo e alma  agradecem
Mas a consciência
Até hoje me condena.
Verdade! Nua e crua...
Ainda não desisti da ideia.
De passar:
De novo!
Naquela rua!



Lemos, o fraco.

Vinte e oito de julho de dois mil e treze.





Nos braços da cruz.



Estava eu, ao lado dos escombros da antiga estação de trens.
Em minhas mãos, um pequeno saco de papel
Do qual eu tirava grãos de milho e jogava aos pombos
Que teimosos, insistiam em não abandonar aquele sítio
Não lembro, precisamente, no que pensava
Acho mesmo; que não pensava em nada naquele momento
Só me lembro que de repente, surgiu um pombo enorme.
Era um pombo vermelho, exatamente cor de sangue.
A ave era gigantesca e desconsiderou os grãos de milho
Pegou-me pelo colarinho, com seu enorme bico vermelho e serrilhado.
E alçou voo pelos céus da cidade, levando-me consigo.
Voou, voou, até ultrapassar os limites da cidade.
Indo pousar, no cemitério da cidade vizinha
Só sei que a estranha ave, depositou-me suavemente.
em um dos braços, de uma cruz de mármore.
E novamente, ganhou os céus, tomando rumo ignorado.
Talvez, tenha voltado à antiga estação, para continuar sua sina de pombo bombadão.
Com muita dificuldade, devido a minha elevada idade.
Desci daquela cruz, já com outra em minhas costas.
Sem comparações, é claro!
Refiro-me apenas ao momento.
Uma vez no chão, percebi que o saquinho de milho
Continuava em minhas mãos, e, despretensiosamente.
Atirei alguns grãos ao chão.
Não apareceu nenhum pombo, pequeno, ou mesmo gigante.
Para levar-me de volta, ao meu lugar.
Aí sim tive um pensamento sinistro
“Será que meu lugar é aqui; tomara que ainda não!”
Balancei a cabeça tentando afastar aquele pensamento
Olhei para o lado e vi uma pequena fenda no chão
Percebi que aquela fenda se abria cada vez mais
Intrigado, murmurei:
- Só me faltava aparecer um exército de zumbis
Mas não apareceu nenhum zumbi
Já estava pronto, para descarregar minha ira sobre eles
O que surgiu naquela fenda foi um grande broto
Era o milho que joguei que estava germinando
Estiquei o braço para pegar uma folhinha para mastigar
Afinal! Tudo aquilo estava me dando fome
Olhei para baixo e percebi que solo se encontrava
A uns cinco metros e continuava a se distanciar
O pé de milho estava me levando para cima
Já estava muito alto para pular
Sem alternativa, agarrei mais ainda a planta.
E o pé de milho foi crescendo, crescendo.
Quando atravessou a primeira camada de nuvens
Deparei-me com um sujeito sentado em uma nuvem branca
Em suas mãos um bandolim, que ele desajeitadamente tocava.
Certamente não era um anjo, pois não tinha asas, nem tocava harpa.
Muito mal tocava seu feio e sujo bandolim.
Acenei para o sujeito, e passei para segunda camada de nuvens.
Nunca imaginei que nuvens viessem em camadas
Novamente, encontrei outro cara tocando um instrumento.
Era um camarada com feições de negro, e com pele cor de rosa.
Tocava maravilhosamente bem um violino dourado
Entretanto, também não era anjo.
Tinha cara de safado!
Resmunguei qualquer coisa, a respeito de castelos e gigantes.
Mas aquilo; era conto de fadas, e no conto não era milho.
Era feijão!
Enquanto resmunguei; terceira camada.
Onde iria parar aquilo?
Parou em um imenso castelo, onde havia um elevador.
Estranho elevador, como tudo naquele dia.
Entrei no elevador e apertei o botão de descer
Se tivesse gigante ali, não seria eu a pagar pra ver.
Fechei os olhos, pois tenho vertigem em elevador.
Quando finalmente os abri. Estava sentado em minha cama
Ao meu lado, minha mulher com um cigarro na mão.
Fumava sem parar, assemelhando-se a um dragão.
Fechei novamente os olhos, horrorizado com a cena.
Ao abri-los estava novamente no elevador
Não tinha acordado, que pena!
Mas; nem sequer sabia se estava dormindo!
Enfim, o elevador parou de descer
Ao sair, estava de novo na antiga estação.
De minha boca, escorria um filete de baba esverdeada.
Atirei longe, o pacote de milho
E até hoje corro, sem querer pensar em nada!






Lemos vinte e nove de julho de dois mil e treze.






domingo, 28 de julho de 2013

Simples e natural





O botão que liga
 
 
 
É o mesmo que não liga
Ligou e não gostou?
É o mesmo botão:
Que desliga
É simples e natural
Fácil decidir
Abrir ou não o parágrafo?
Ou, uma vez aberto.
Apor o ponto final
Coragem!
Para iniciar ou não
A duvidosa viagem
Coragem pra decidir sozinho
Entre seguir
Ou retornar, pelo mesmo.
Ou, por outro caminho.
Simples!
Descomplicado assim:
Mas nem todos têm
Serenidade suficiente
Para calcular
Ou recalcular a rota.
Para acionar:
O motor de partida
Ou pisar firmemente
 No pedal do fim!
 
Lemos: Recalculando a rota.
Vinte e oito de julho de dois mil e treze.
 
 

 
 

sábado, 27 de julho de 2013

Sei quem sou.





Preciso crescer
Para me ver melhor
Para melhor me conhecer
Sei quem sou
Pra onde fui
Mas não sei
Pra onde vou
Andei andei
Pra sempre me achar
No mesmo lugar
Na vida e no amor
Sou repetitivo
Isso reconheço
Porém não me reconheço
Como homem que sou.
Sou arrogante!
Talvez por ser ignorante
Então, por que refletir?
Se a falta de inteligência
Não me deixa agir
Não me deixa seguir
Pelo, caminho mais natural.
Que amiúde é o ideal
Hoje me peguei chorando
Por um amor
Que joguei fora
Por mais de uma vez
Fruto:
Do meu imenso machismo
Aliado ao meu egoísmo
Já pensei em morrer
Já pensei em fugir
Mas morrer:
Só no devido tempo
E fugindo:
Pra onde ir?
Se as pessoas normais
São tão iguais entre si
E tão diferentes de mim
Preciso mudar a atitude
Simples assim!
Simples de dizer
Difícil de fazer
Senão já teria feito
Nem sei se preciso
Tanto assim
De uma companheira
Já que não levo jeito
Já que não tenho respeito
Embora apaixonado
Distribuo coice
Pra tudo quanto é lado
Já resmunguei demais
Preciso ir
Preciso dormir
Mas não sei
Se vou conseguir.
 
Lemos, entrando na pele.
Vinte e sete de julho de dois mil e treze.
 
 

 
 

 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Oi vó!




Oi vovó!
Sinto-me vazio, e tão só.
Arranja-me uns trocados
Pra resolver um bóóóóó.
Oi! Vovó querida.
Minha luz, minha vida!
Que só me faz bem.
Vovó querida!
Sem você:
Nada sou; não sou ninguém!
Paz!
Só tendo, à senhora a meu lado
Agora, seja breve.
Arranja-me um trocado
Tenha dó!
Ou não sabe o que é?
Um Bo.
O que disse?
Que sou nóia, parasita.
Que, não trabalho.
Que só lhe atrapalho.
Vá se foder, então:
Velha do caralho!
 
Lemos, tomando quentão.
Vinte e seis de julho de dois mil e treze.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Bebendo e não esquecendo.



De nada valeu
Deixar de ser eu
Pra ser seu
Não prestou
Por isso mesmo:
Não vou!
Nunca mais!
Deixar de ser quem sou
Pra ser:
De alguma pessoa
Que muito boa
Ou menos boa
Não esteja nem aí
Que fique por lá
E eu por aqui!
Deus me proteja!
Deus haverá de me ajudar
A não mais me anular
Em nome de ninguém
De quem quer que seja
Já que, estou no bar
Manda então, uma cerveja
Deve haver outro lugar
Onde assombrar
Que não seja
A porta do antigo lar.
Hoje passei por lá
E não encontrei
Sequer minha sombra por ali
Por isso mesmo
Estou aqui
Bebendo a não mais poder
Nunca imaginei
Beber para confortar
Meu velho coração
Mais uma lição
Que a vida me ensinou
Por isso aqui estou
E vou:
Voltar quando precisar
Sei, que bebo demais
Porém deixar de ser eu
Para ser somente seu:

Isso, jamais!

Lemos, bebendo e não esquecendo.

vinte e cinco de julho de dois mil e treze.




terça-feira, 16 de julho de 2013

Quero lhe mirar.


 

 

 
O meu sertão me disse:
Que, perseguisse meu sonho.
Que, não me deixasse abalar.
Por um, ou outro não.
Que o mundo pudesse me falar.
O meu sertão me falou:
Para, olhar no infinito.
Onde o tudo, se transformava.
Em um, inimaginável nada.
Onde a vista, não pudesse alcançar.
E ainda assim: seria ele sertão
E ainda assim: Teria alguma opção
Era somente, a grandeza de uma terra.
Que ama seu filho, mas não o prende.
Que sabe! Ser ele.
Assim; como é o agreste.
Que Sofrendo, todas as agruras.
De maneira alguma, se rende.
Permanecendo sempre sertão
Sempre sertão, e sempre amado.
O meu sertão, me disse:
Através, do brilho do seu luar.
Que seu filho, não é desertor.
Apenas retira-se, estrategicamente.
E com ele, sonha todas as noites.
E por ele, anseia durante os dias.
O sertão me disse; através de sua chuva.
Tão rara!
Que quando vem, traz novo alento.
E devolve; o sorriso a cara.
Que sempre, esperará por minha volta.
Que a mãe! Não quer ver o filho sofrer
E por isso, sofre com a saudade.
Renovando-se, através dela.
Sabedora, que tão logo o terá.
A sorrir e cantar, nos seus braços .
Feliz, e entregue aos seus abraços.
O sertão me disse:
 
 
 
 




 





 
 





 
 

-Volte para me ver, quero lhe mirar.
Prometo melhorar, só para lhe receber.
Prometo; silenciar
Só para ouvir; você cantar.
 
E por isso! Aqui na grande cidade
Com a voz, da dor da saudade.
Mantida calada, pelo meu canto.
Não vejo a hora; de pisar meu chão.
E nele; acalmar meu pranto!
 
Lemos, saudoso.

Na porta do lar.


 

 

Sentado, na fria calçada.
Não me preocupa nada
Digo que é só alegria.
Embora, minha figura.
Esteja bastante apagada.
Do que, já foi um dia.
Vejo as pessoas passando.
Algumas, me cumprimentando.
E me chamando, pelo meu nome.
Outras, simplesmente me ignorando.
O que talvez; seja uma forma.
Que encontram, de respeitar.
Aquilo, que não se pode entender.
Através; do olhar da razão.
Ou quem sabe:
Uma estranha forma de driblar.
Algum manifesto do coração
Mas; não faz diferença.
Não espero; qualquer recompensa.
Pela minha sinceridade
Por ter seguido, minha verdade.
Tenho o estômago a ronronar.
É esta, sua forma de protestar.
Pela falta de comida.
Sem ter; dinheiro para gastar.
O pouco; que consigo arranjar.
Vendendo latas e papelão
Deixo, com o Bigode do bar.
Ou; no mercado do João.
Que, penalizados, me entregam.
A garrafa, de aguardente.
Que apanho, com sofreguidão.
Passa; uma colega de infância.
Dou a ela, o meu melhor sorriso.
De minha boca, estragada.
Com uma feia, e imensa janela.
Dirijo-lhe; um espontâneo elogio:
-Nossa! Como você está bela
E ela responde: - Amém!
-Você; também está bem.
 
 
 
 




48
 
 
 
 

E segue, o seu caminho.
E eu, continuo.
Em meu canto, quieto e sozinho.
Com a mente a vagar
Entre a antiga vida, e a atual.
Mas, sem traçar qualquer ideal.
Pego, um tomate estragado no chão.
E o limpo, com o dorso da mão.
Engulo-o, quase que de uma vez.
À guisa de refeição.
Apanho a garrafa, que está ao meu lado.
E bebo, a cachaça pelo gargalo.
Assusta-se, quem vê o tamanho.
Dos olhos que arregalo
Ao sacudir, o líquido na boca.
Antes, de finalmente o engolir.
Pode-se dizer ser um estranho.
E até mesmo, nojento ritual.
Mas cada qual tem o seu jeito.
E assim: Sinto-me natural
Passa; o dentista japonês.
Em seu reluzente carrão
Abaixa um pouco o vidro.
E grita festivo:
-Tudo bem Pedrão!
Respondo-lhe; que sim.
Feliz; pela consideração.
E pela prova de humildade
Ao não, desprezar o irmão.
Diante da adversidade.
O que não é bem o meu caso.
Pois tenho, a vida que escolhi.
Também; já tive um lar.
Já tive! Mulheres e carrão
Muito dinheiro, para gastar.
Hoje; nem sapato tenho!
Para, meus sujos pés calçar.
E minha mulher, é a minha mão.
Piada; infame e sem razão.
Que pode levar à ira.
Alguns, puritanos de plantão.
 
 
 
 
 
 




49
 
 
 
 

Tive mulheres, boa roupa e carrão.
Contudo; nem por isso me prendi.
Pois; mesmo tendo tudo isso.
Faltava-me o ar!
Faltava-me; voz para cantar.
Por isso; fui atraído pelo bar.
Onde havia muita cantoria.
E minha voz aparecia
Lá havia bebida:
E era boa a companhia.
Hoje; sou conhecido.
Como; o velho e bom Pedrão.
Aquele; que não faz mal a ninguém.
E que leva; a vida que escolheu.
Dizendo, que vive muito bem.
Vejo; passar a mulher.
Que no passado; dizia me amar.
E agora. Encontra-se bem casada.
Faz de tudo; para não me olhar.
Porém, como passado não se pode negar.
Disfarçadamente, me dá uma olhada.
Talvez; pensando no desgosto.
Do qual, felizmente escapou.
Quando comigo, não se casou.
Ou quem sabe?
Se tudo, não seria diferente.
Se tivesse, comigo se casado.
Mas, entre o certo e duvidoso.
Congratula-se, por ter renunciado.
Logo, ao ver que minha trajetória.
Pendia; para o lado marginal.
Muitos pensamentos:
Nessa minha vida, que é uma novela.
Mas, não é hora de lamentos.
É momento! De molhar a goela
Outra talagada!
Outro, abominável gargarejo.
E a bebida, desce suavemente.
Do segundo trago, em diante.
O sabor é bem diferente.
À noite, vem chegando.
E com ela, a vontade de dormir.
Dirijo-me, à padaria falida.
 
 
 
 




50
 
 
 
 
 

Sob cujo toldo, faço minha cama.
O dono do restaurante atravessa a rua.
E generosamente:
Entrega-me, uma marmita.
Como, vagarosamente.
Quase, vencido pelo sono.
Vejo; em minha perna a ferida.
Purulenta, e malcheirosa.
Que parece dobrar de tamanho.
A cada dia, que se passa.
E começo, a achar estranho.
O meu, modo de vida.
O meu, conceito de liberdade.
Deito-me; sobre o braço direito.
O coração; acelerado no peito.
Clama! Por um pouco de juízo
Ponho, em xeque meu sorriso.
E; minha idéia de felicidade.
Foge das proporções reais.
Chego, enfim, a duvidar.
Das minhas faculdades mentais
Abro uma boca descomunal.
Levo de novo, minha mão à garrafa.
Todavia, desisto da intenção.
Já não sei; a quantas milhas

Encontro-me da razão.
         Uma lágrima; escorre-me no rosto.
Faço uma sincera oração.
Doem-me, as costas.
Por isso, mudo de posição.
E antes, de finalmente me entregar.
Ainda, encontro forças.
Para fazer; uma nova oração.
Ainda encontro:
Uma razão, para pensar.
No mal, que faço as pessoas.
Que me desejam, coisas boas.
Enfim durmo; e de manhã ao acordar.
Acordo, pensativo!
Questionando, se sou morto ou vivo.
 
 
 
 
 
 




51
 
 
 
 
 

Pego, minha mochila no chão.
Acordei! E acabei de acordar!
Lembro-me; de uma proposta que recebi.
E, consciente, resolvo aceitar.
Chega! De marginalidade
Chega! De rastejar
Assim, como um dia:
Optei; por minha verdade.
É hora de: De a ela renunciar.
E dar de volta, o presente que recebi.
Das boas pessoas, que vivem por aqui.
E que mesmo; vendo-me tão imundo.
Nunca; desistiram de mim.
Não, me chamaram de porco.
Nem de vagabundo!
Como, é bom acordar.
Assim; como fui ajudado.
Quero ter; a minha vez de ajudar!
Basta! De fazer sofrer
Agonizando e apodrecendo:
Na porta do lar!