Nunca
mais fui o mesmo
Depois
que saí dos holofotes
As
pessoas já não chamavam
Pelo
meu nome
Não
me pediam autógrafo
Nem que posasse para fotografia
Ia
eu diminuindo e desaparecendo
Dia
após dia.
Meu
andar vigoroso
Havia
se tornado lento
Devagar
também...
Ficou meu pensamento
Que
não era pleno
Por
estar ligado ao passado.
E,
por conta disso.
Para
não enlouquecer
Amparei-me
na bebida
Foi
quando alguém me disse
Ser
um beco sem saída
Respondi
que não pensava
Em
sair para lugar nenhum
E
continuei a me afogar
Na
confortante aguardente.
Não
sofri tanto
Dali
pra frente
Por
viver sempre alcoolizado
Não
via a feiura da realidade
Não
percebia o quanto
Estava
me aniquilando
Nada
via à frente!
Nem
lamentava o que ficou
Jogado
lá atrás
Não
sentia sede e nem fome
Estava
a ponto de esquecer
O
meu próprio nome
Posto
que ninguém me chamava
Ao
menos pra perguntar as horas.
Meu
Rolex havia sido trocado
Por
algumas garrafas de cachaça
Naquela
semana não senti frio
Mas
minha alma
Desconfiada
já se preparava
Tal
o estado terminal
Em
que me encontrava.
Deitado
com a cabeça
Apoiada
no meio fio
Dentro
do silencio
De
meu mundo vazio.
Esvaziado!
Pela
minha imbecil vaidade
De
acreditar que tudo podia
Por
ser celebridade.
Estava
ali, menos que nada.
Pois, o nada não atrapalha
E
nem desprende mau cheiro
Sequer
me lembrava
Que
tive pela frente
Um
mundo inteiro
De
sonhos e possibilidade.
O
mundo continuava ali
Mas
intocável...
Diante
das minhas
Atuais
e inúteis verdades.
E
ali atirado por mim mesmo
Na
fria sarjeta
Resmunguei
qualquer arenga
Sobre
a coisa estar preta.
Foi
quando!
Senti
em meu pescoço
Uma
suave respiração
Fui
beijado na fronte
E
levado pela mesma mão
Da
qual um dia me desprendi
Segui
mansamente
E
não mais andei a esmo
Dali
em diante.
Não
voltei a ser o mesmo
Seria
extremamente idiota.
Mas,
fora do vicio voltei a trabalhar.
Ainda
canto, mas apenas por gostar.
Depois
que a vida me beijou
Não
deixo a morte me abraçar!
Pois
mesmo sendo chutada
A
vida voltou para me beijar!
Lemos
24/06/2015