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quinta-feira, 6 de março de 2014

Não havia estrada





Quieto num canto
Pensando e bebendo
Bem devagar
Ruminando a raiva
Que embora contida
Dava seu sinal

Sinal de alerta
Do que estaria por vir
Antever é melhor forma
De se conter
Antes que o absurdo
Faça-se conhecer.

Nuvens escuras
Pairavam no ar
Que um tanto pesado
Tomava forma assustadora
Embrulhando o estômago
Não era tempo
De sonhar

Pessoas se aproximavam
E falavam generalidades
Nas quais qualquer atenção
Por mim era dispensada
Sentia-me só
E assim, queria continuar.

Meu pensamento
Ia e vinha, vinha e ia.
E eu continuava ali
Com meu copo na mão
De vez em quando
Dava uma talagada

Pensamento navegando
Para lugar algum
Para dar em nada
Só havia revolta
Não havia qualquer atalho
Não havia estrada.

De repente o barulho
De um velho caminhão
Tirou-me da sinistra abstração
Caminhão, que parou.
Deu um forte estalido
E, enfim, silenciou.

Senti um tapa nas costas
Olhei!
Era o velho e sujo Osvaldo
Que me abraçou
E me chamou de irmão
Minha ira foi-se embora
Não havia mais razão!

Lemos

Dois de março de dois mil e catorze.




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