Ainda tem a sua vida!

No dia em que lhe vi

Pela primeira vez

Não dei

A devida atenção

Estava em mau momento

Com minha alma

Tomada de ressentimento

Naquele dia, realmente.

Eu não estava pra ninguém

Não lhe dei a devida atenção

Porém, você me notou.

Percebeu minha aflição

E a tristeza em meu olhar

Poderia seguir seu caminho

No entanto, escolheu voltar.

Queria saber de fato

O que estava a me incomodar

Na segunda vez que lhe vi

Não havia como não notar

Preocupava-se comigo

E resolvi, então, desabafar

Falei de mim, de minha vida.

Dos meus, escassos valores.

Das minhas verdades

Dos meus dissabores

Ouviu-me calada

Quase sem expressão

Não me deu, nem me tirou.

O peso da minha razão

Tão-só, tratou-me como gente.

Disse-me, com toda calma:

- Ainda tem a sua vida!

Cumpre-lhe, tocá-la pra frente.

Conselho dado, conselho seguido.

Tirei o fardo das costas

Não o deixei à beira do caminho

Para que, assumisse outro dono.

Entretanto, não quis seguir sozinho.

Conselho ouvido, conselho seguido.

Mas sozinho não, sou hoje seu marido!

Lemos