Mau aluno, porém,
bom aprendiz
Assim era
visto pelo mundo
Quase que autodidata
Dado à
velocidade com que aprendia
Disciplina, não
era o seu forte
Tinha um gênio
praticamente indomável
Que ao meu
ver era sua marca
E o que ele
tinha de melhor
Quando necessário,
se vergava
Mas, forte
que era, nunca quebrava.
Bom aprendiz,
mau aluno
Porém, dono
de sua existência
Eram poucas
as regras que seguia
Mas, só
quando não havia escolha
Rebelde, mas
jamais indolente
Mil tombaram
ao seu lado
Contudo,
como bom sobrevivente
Não abandonou
suas promessas
E nunca
perdeu a sua fé.
Aprendia o
que julgava precisar.
Refugava o
lugar comum
Que via,
como marca de fazendeiro
Gravada a
ferro quente
Como uma fatídica
tatuagem
De impossível
remoção
Mau aluno,
bom professor
Muito do que
agora sei
Foi com ele
que aprendi.
Não herdei seu gênio de gladiador
Entretanto,
aprendi a me cuidar
E por isso
mesmo aqui estou
Empilhando, algumas
dezenas de anos
Fujo das
banalidades, assim como
O diabo foge
da cruz
Se é que
isso é verdadeiro
Com tantas
vacinas, Butantã, Pfizer e afins
Pode haver alguma
contra medo de cruz
Quem sabe,
elaborada, a partir de luz!
Meu velho, osso duro de roer
E, dono de
um enorme coração
Teimoso como
a mais velha mula
Corajoso como
um rei leão
Imenso como
uma montanha
Dono da razão,
estando com ela ou sem
Chutava a
bunda dos dogmas
Que os
homens de Deus impunham
Mas, nunca
blasfemou contra o Pai
Que sabia,
ser o único caminho.
Às vezes
quando não havia jeito
Levava desaforos
para casa
Ou, pelo
menos, até as proximidades
Nunca teve
medo de lutar
Porém, ele
sabia perfeitamente
Dos filhos
que tinha para criar
E criou a
todos, com igual dedicação
E dentro das
suas possibilidades
Todos cresceram
e todos venceram
Pelo fato de
estarem vivos e serem honestos
Quando muitos
de seus amigos
Se perderam,
ou já morreram.
Aprendi, que
cada pessoa
Deve sempre
manter a sua própria essência
E servir ao
proposito para o qual...
Veio a este
mundo imprevisível
Seguir os
seus anseios, desviando-se
Caso seja
mesmo algo necessário
Há pedras
que não podem ser removidas
Havendo necessidade
de contorná-las
Foi isso,
que meu velho fez.
Removia os obstáculos
possíveis
E se
desviava dos que não podia remover
E assim,
sempre chegava a meta
Nunca tentou
buscar a perfeição
Pois perfeição,
era ser padrão
E pensar
dentro da famosa caixinha
Algo que
nunca fez e jamais faria
Pois subserviência,
fatalmente o mataria.
Morreu sim,
como todo mundo morre
Mas, foi de
morte natural
E um pouco
mais novo, do que estou agora
Em seu
tempo, as pessoas viviam menos
Não posso
dizer que morreu feliz
Pois acredito,
que ninguém sorri à morte
Só digo que
morreu bem
Por ter
vivido do jeito que quis
Com algumas
ressalvas, é claro!
Algumas pedras,
alguns amores
Certos governantes,
padres e até doutores.
Sendo o
mundo o que é
Não dá para
ser feliz em tempo integral
Todavia,
pagar por algum erro que cometeu
Dentro de
sua própria iniciativa
É menos
frustrante, do que seguir ideias alheias.
Menos radical
que ele...
Às vezes, ouço conselhos, quando os peço
Mas, antes
de segui-los ainda os rumino
Por um bom
espaço de tempo.
Ele do seu
jeito, eu do meu
Feliz por
ter feito parte da vida dele
E tê-lo tido
como parte da minha
Somos todos indivíduos...
Apesar disso
sei, que a melhor caminhada
Nenhuma pessoa
a faz sozinha!
Lemos
Domingo 25/09/2022