Tenho que me doar
Até não mais poder
Até ser quase nada
Tenho que seguir
Por onde você mandar
Tenho que pisar
Com pés descalços
E bem devagar
Para não lhe incomodar
Não basta lhe amar
Até pra falar
Tenho que medir
O teor e o tom
Fazer o que pedir
Para ser amor bom
Não basta lhe amar
Tenho que calar
Ao lhe responder
Abaixar a cabeça
É meu dever!
Não basta lhe amar
Tenho que ser
O que você quiser
Tenho que virar-me
Como puder
Para lhe agradar
Tenho que servi-la
E comer o que sobrar
Não basta apenas lhe amar
Não basta lhe querer
Tenho que ter
Imensa calma
Tenho que manter
A pureza da alma
Para talvez lhe convencer
A ser quase minha
É tudo tão diferente
Do antigo amor que tinha
E não dei o devido valor
Já atraído pelo seu calor
Hoje sufocado
Já não consigo raciocinar
Seu desejo é ordem
Não cabe questionar
Sinto-me lesado
Mas ninguém me lesou
Sou o único responsável
Pela sinuca em que estou
Por ter que me anular
Só pra poder lhe amar!
Lemos
Vinte e cinco de março de dois mil e
catorze.
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