Que se foi embora
Tenho um coração apagado
Uma guitarra que chora
Um lar abandonado
Resta-me!
Um cachorro pra alimentar
E meia alma para salvar!
Já secou meu pranto
E tendo apenas meia alma
Nem preciso orar tanto.
Portanto!
Sobra-me mais tempo
Pra beber e vadiar
Já não tenho planos
A não ser seguir vivendo
Bebendo e vadiando.
Vadiando e bebendo
Voltando, enfim, à boemia
Que já não é a mesma
Que conheci um dia
Aliás, tudo mudou!
Por isso minha mulher partiu
Viu o sol acenar lá fora
Pegou as malas e sumiu!
Pra longe de mim
Já velho e embolorado
Porém não preciso
De mulher que abandona
Por isso fico com as do bar
Que cantam, dançam, sapateiam
E bebem demasiadamente
Assim como eu faço!
Boêmias do meu jeito
Sem qualquer vinculo ou laço.
Todas com alguma dor no peito
Retardando o encontro com o leito
Onde tristezas e arrependimentos
Inevitavelmente vem à tona
Peço outra garrafa
Rumino pra mim mesmo
Que não preciso de dona!
Meu cotovelo me incomoda
Por isso pego a garrafa
Dou uma gigantesca talagada
O dono do bar me diz
Que isso não me levará a nada
Respondo que não quero mesmo
Ir a lugar algum!
E que ele cuide de sua vida
Que me deixe em paz
Uma vez que pago pela bebida
É difícil para alguém transtornado
Manter a serenidade e a educação
Ademais, nunca vi um bêbado.
Que não fosse dono da razão!
Comigo não foi diferente
Beberei até morrer...
Daqui pra frente!
Tenho um cão para cuidar
E meia alma para salvar
Ainda me digo feliz...
A quem pretendo enganar?
Lemos
07/05/2015
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