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quinta-feira, 28 de maio de 2015

De vez em quando






Lembro-me do tempo
Em que lhe falava do meu amor
E você a viajar...
Olhando o esmalte das unhas
Ou cutucando...
O maldito celular!


 
Lembro-me como se fosse ontem
Da sua cara de ausente
Enquanto me ouvia, sem ouvir
Enquanto me via, sem notar
Não esqueço quando transbordei
E me afastei tão rapidamente
Como havia chegado.


 
E vendo eu me afastar
Disse um vago até logo
Dentro da certeza
De que em breve eu voltaria
Mas no dia seguinte
Eu ainda não havia voltado.


 
E nem no dia seguinte ao seguinte
Viu-me multiplicando a seu lado
Nem ouviu minha voz
Que humilhantemente
Mendigava a sua atenção
Não viu meu rosto sem cor
Sem personalidade
Implorando por seu amor.


 
E, feliz ou não!
Seguiu firme a cutucar
O seu tele móvel de ultima geração
E a remover o esmalte
Para de novo pintar as unhas
E sobre elas deitar o olhar
Numa viagem astral.


 
Viagem!
Da qual saía de vez em quando
Para ver se eu estava
Ali a lhe contemplar
Foi um passarinho que me contou
De a minha ausência lhe importar
Como nunca lhe importou
A minha miserável presença
Que hoje sem muita emoção
De vez em quando...
Lembra que você existe!
 
 
Lemos
28/05/2015
 

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