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domingo, 1 de março de 2015

Mesmo do outro lado




Estava fragilizada
Tentava em vão disfarçar
Mas suas mãos inquietas
E seu riso nervoso
Não a deixavam enganar
Procurava manter-se concentrada
No que dizia ou fazia
Mas paz ali não havia
Eu do meu lado
No outro lado da mesa
Porém frente a frente
Tentando adivinhar
O que a fazia sofrer
Já não mais pensava
No que tinha ido fazer.


Que os negócios
Ficassem pra depois
Tinha algo mais importante
Flutuando no ar
Como uma bomba
Preste a explodir
Uma névoa a dissipar
Uma ameaça a se insinuar
Através daqueles olhos
Alguma tragédia a espreitar
Não sabia exatamente o que
Mas alguma coisa
Eu tinha que falar
Não tinha ido ali à toa
E sendo pra dizer algo
Que fosse coisa boa.


Nada me ocorreu
Talvez...
Por não querer ser indiscreto
Pois não me perguntou nada
Lembrei-me de algo que li
Do grande mestre David Moncada
Maestro que sabe o que faz
E sempre sabe o que diz...
"Não permita que ninguém decida,
que seja infeliz”
Depois assinei alguns papéis
Que ela pôs sobre a mesa
E levantei-me para me retirar
Era uma sexta-feira
No domingo levei-a a pescar!


Foi quando a vi sorrir de verdade
E a ouvi cantarolar
Alguma coisa sobre pescador
Sobre o mar e o amor
Coisas de Caymmi.
Nosso compositor e poeta
Pensei então...
Deus só inaugura a obra
Quando a dá por completa
Faltava algum arremate
Mas o pior já havia passado
Retornei ao meu mundo
E ela ao dela...
Já mais suavizado
E com um céu mais claro
De vez em quando a vejo
Com seu melhor sorriso
E já não tão raro
Feliz por ter ajudado
Mesmo estando do outro lado.



Lemos
01/03/2015




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