Powered By Blogger

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Não havia chocolate (Gritando-me de onde venho parte três)


Não havia chocolate
Para nos dar pra comer
Mas havia...
Vara de marmelo
Para nos bater!
Não havia tempo
Para nos entreter
Tinha sempre algo
A se fazer.



Entrava ano, saia ano!
E ficávamos em segundo...
Ou, até mesmo!
Em terceiro plano
No quesito atenção
Era uma imposição da pobreza
Carinho, não se punha à mesa.



Minha mãe...
Até que se esmerava
Abraçando um a cada vez
Em que ia da pia ao fogão
Ou do tanque ao banheiro
Sempre limpando
Ou cozinhando o pouco que tinha
Fazia ela, verdadeiros milagres.
Na nossa pequena cozinha.



Ainda não falei do frio
Que tínhamos de suportar
Se, mal havia o que comer.
Roupas então...
Nem pensar!
Ia à escola com roupa feita
Com sacos de algodão
Desses, com o qual se fazem
Panos de prato hoje em dia
Mas, era...
O que tínhamos até então.
E como o que está feito
Não está por fazer.
Todos crescemos e não vimos
Nenhum milagre acontecer.



A não ser, o dos valores
Que aprendemos a considerar
E que, o tolo orgulho de meu pai
O impediu de assimilar
Afastado do trabalho
Por falta de saúde
Não deixava...
Ninguém nos ajudar
E lhe sobrava saúde.
Para nos castigar
Quando sua fértil imaginação...
Julgava precisar.



Entretanto, apenas um de nós.
Jurava o odiar
Era meu irmão mais velho
Que possuía gênio semelhante
Dois bicudos não se beijam!
Disse minha mãe...
No exato momento...
Em que meu irmão partiu
Triste, mas sem emitir
Qualquer sinal de lamento.



Só afirmou...
Que se um dia teve pai...
Seu nome!
Agora seria esquecimento.
Jurou, que ao ter filhos
Não os imporia...
Qualquer sofrimento
E assim ele fez...
Todavia, é outra história...
Fica para outra vez!


Lemos

14/04/2015


Nenhum comentário: