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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Sem discursar! (Gritando-me de onde venho parte quatro)


Como prometi!
Vou falar do meu irmão
O que era mais velho
O glorioso Alencar
Vou contar o que vi
A partir de quando nasci
Posto quê...
Já o vi pré-adolescente.
É essa minha lembrança
Desde que me entendo por gente
Posso afirmar...
Que o grande Alencar
Era, sem dúvidas...
O mais inteligente.
De todos os irmãos
Todos, aprendemos com ele
E todos nós sentimos falta dele.
De sua voz potente
E também do chiclete
Que dividia com a gente.



Alencar começou cedo
A sair pra trabalhar
Foi nesse tempo
Que amenizou nossa fome
Mas sua rejeição ao meu pai
Tinha um nome e sobrenome
"Orgulho e machismo exagerado"
Não haveria jeito...
De caminharem lado a lado
Nem de viverem sob o mesmo teto
Meu pai não iria suportar
Ter a ajuda do Alencar
Nas suas obrigações do lar
Por outro lado Alencar
Não aguentaria ser maltratado
Nem ver meu pai a nos maltratar.



Por isso não deixou passar
O momento de ir embora
Apanhou suas malas e partiu
Sem palpite, de para trás olhar
Não queria ver...
Minha pobre mãe a chorar.
Porém, de vez em quando
Vinha nos visitar...
Escolhia momentos
Em que nosso pai
Não se encontrava em casa
Sabia do gênio dos dois
Não espalharia brasa!



Por aquele tempo
Desenvolveu o Alencar
Um grande prazer pela bebida
Algo muito comum
A quem teve uma infância sofrida.
Mas tinha ele...
Enorme senso de responsabilidade
Nunca deixava suas atribuições
Pela metade.
Bebendo ou não
Nunca deixou para trás a razão
O tempo passou
Alencar se apaixonou
E em pouco tempo se casou.



Meu pai não compareceu
Nem deixou minha mãe
Ou nenhum de nós comparecer
O bêbado Alencar...
Foi o melhor esposo
Que poderia haver
Durante o namoro dizia
Para a mulher a quem jurou amar
Namora um bêbado...
Com um bêbado vai se casar
Advertia-a para não tentar o consertar...
Ela não tentou, nem consertou.
Mas para ela não consistia em novidade.
Foi avisada, aceitou a realidade!



Vieram os filhos...
Alencar era puro contentamento
Se antes bebia para se consolar
Agora beberia pra comemorar
Nunca esqueceu a promessa
De aos filhos nunca maltratar
E não maltratou...
Nem aos filhos nem a mulher
Que via nele um exemplar
Desses que faltam palavras
Para descrevê-lo, e tinta para decorá-lo.
Com todas suas bebedeiras
Era ele um homem pra se respeitar.



Jamais deixava que alguém
Quem quer que fosse!
Precisasse um dia o cobrar...
Dinheiro ou atitude
Mas sem notar, perdia sua saúde.
Como todos a perdemos, algum dia.
No seu caso precocemente
Posto que, muito bebia
Só que trabalhador
Não tem tempo pra adoecer.
Aqui nesses mares!
Trabalha-se até morrer.



Contudo o gigantesco Alencar
Teve a recompensa de se aposentar
Teve o momento de abandonar a bebida
E ver se casar a filha querida!
Não voltou a beber...
Entretanto não demorou a morrer
Morreu como quem sai de um bar
Sem dizer adeus...
Sem beijar nem abraçar
Sem olhar pra trás...
Como naquela outra partida.



Sem discursar...
Foi-se ele, para nova vida.
E sua família cresceu
Fez muito bem o seu papel.
Falamos dele...
Para os netos!
Que não o conheceram...
E que ele não conheceu!



Lemos
15/04/2015







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