Como prometi!
Vou
falar do meu irmão
O
que era mais velho
O
glorioso Alencar
Vou
contar o que vi
A
partir de quando nasci
Posto
quê...
Já o vi pré-adolescente.
É
essa minha lembrança
Desde
que me entendo por gente
Posso
afirmar...
Que o grande Alencar
Era, sem dúvidas...
O mais inteligente.
De
todos os irmãos
Todos, aprendemos com ele
E
todos nós sentimos falta dele.
De
sua voz potente
E
também do chiclete
Que
dividia com a gente.
Alencar
começou cedo
A
sair pra trabalhar
Foi
nesse tempo
Que
amenizou nossa fome
Mas
sua rejeição ao meu pai
Tinha
um nome e sobrenome
"Orgulho
e machismo exagerado"
Não
haveria jeito...
De
caminharem lado a lado
Nem
de viverem sob o mesmo teto
Meu
pai não iria suportar
Ter
a ajuda do Alencar
Nas
suas obrigações do lar
Por
outro lado Alencar
Não
aguentaria ser maltratado
Nem
ver meu pai a nos maltratar.
Por
isso não deixou passar
O
momento de ir embora
Apanhou
suas malas e partiu
Sem
palpite, de para trás olhar
Não
queria ver...
Minha pobre mãe a chorar.
Porém, de vez em quando
Vinha
nos visitar...
Escolhia
momentos
Em
que nosso pai
Não
se encontrava em casa
Sabia
do gênio dos dois
Não
espalharia brasa!
Por
aquele tempo
Desenvolveu
o Alencar
Um
grande prazer pela bebida
Algo
muito comum
A
quem teve uma infância sofrida.
Mas
tinha ele...
Enorme
senso de responsabilidade
Nunca
deixava suas atribuições
Pela
metade.
Bebendo
ou não
Nunca
deixou para trás a razão
O
tempo passou
Alencar
se apaixonou
E
em pouco tempo se casou.
Meu
pai não compareceu
Nem
deixou minha mãe
Ou
nenhum de nós comparecer
O
bêbado Alencar...
Foi
o melhor esposo
Que
poderia haver
Durante
o namoro dizia
Para
a mulher a quem jurou amar
Namora
um bêbado...
Com
um bêbado vai se casar
Advertia-a
para não tentar o consertar...
Ela
não tentou, nem consertou.
Mas
para ela não consistia em novidade.
Foi
avisada, aceitou a realidade!
Vieram
os filhos...
Alencar
era puro contentamento
Se
antes bebia para se consolar
Agora
beberia pra comemorar
Nunca
esqueceu a promessa
De
aos filhos nunca maltratar
E
não maltratou...
Nem
aos filhos nem a mulher
Que
via nele um exemplar
Desses
que faltam palavras
Para
descrevê-lo, e tinta para decorá-lo.
Com
todas suas bebedeiras
Era
ele um homem pra se respeitar.
Jamais
deixava que alguém
Quem
quer que fosse!
Precisasse
um dia o cobrar...
Dinheiro
ou atitude
Mas
sem notar, perdia sua saúde.
Como
todos a perdemos, algum dia.
No
seu caso precocemente
Posto
que, muito bebia
Só
que trabalhador
Não
tem tempo pra adoecer.
Aqui
nesses mares!
Trabalha-se
até morrer.
Contudo
o gigantesco Alencar
Teve
a recompensa de se aposentar
Teve
o momento de abandonar a bebida
E
ver se casar a filha querida!
Não
voltou a beber...
Entretanto
não demorou a morrer
Morreu
como quem sai de um bar
Sem
dizer adeus...
Sem
beijar nem abraçar
Sem olhar pra trás...
Como naquela outra partida.
Como naquela outra partida.
Sem
discursar...
Foi-se
ele, para nova vida.
E
sua família cresceu
Fez
muito bem o seu papel.
Falamos
dele...
Para
os netos!
Que não o conheceram...
E
que ele não conheceu!
Lemos
15/04/2015
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