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terça-feira, 21 de abril de 2015

Crua e com penas (Gritando-me de onde venho parte seis)


Chegou a casa!
Lá pela boca da noite.
Como diziam seus ancestrais
Vinha assobiando uma canção
Que não lhe vinha da alma
Tampouco, do coração
Se é que o tinha
Estava distraído...
E quase que tropeçou
Em um despacho (macumba)
Que caprichosamente...
Fora colocado ali em seu portão.



Discreto, olhou ao redor
E avistou a vizinha
Com a qual teve um caso
Observando-lhe de um canto escuro
Dissimulado, ele entrou em casa
Saiu pelos fundos e pulou o muro
Quando a mulher percebeu
Já estava comendo...
A galinha preta
Que a ele gentilmente ofereceu.



Porém, não era mulher sozinha
E seu marido vendo aquilo
Inevitavelmente se enfureceu
E mesmo enfurecido...
Foi convidado
A saborear a iguaria
Servida crua e com penas
Naquele atípico dia!
Absteve-se do convite...
E imediatamente se recolheu
Briga de amantes...
Não era problema seu!



A mulher seguiu comendo
E não podia vomitar
Senão teria que comer de novo
Ele em voz alta dizia
"Que lhes sirva de exemplo meu povo!"
Povo que estupefato olhava pelas janelas
Que imediatamente foram fechadas
Dali pra frente...
Ninguém o incomodaria por nada!



Não presenciei esse fato
Posto que, ainda era pequenino
Mas, meus irmãos mais velhos
Juram ser verdadeiro
Por isso de vez em quando
A cada pesadelo que tenho
Ouço a voz de meu pai...
Gritando-me de onde venho!



Lemos
21/04/2015


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