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quinta-feira, 25 de junho de 2015

Minhas atuais e inúteis verdades





Nunca mais fui o mesmo
Depois que saí dos holofotes
As pessoas já não chamavam
Pelo meu nome
Não me pediam autógrafo
Nem que posasse para fotografia
Ia eu diminuindo e desaparecendo
Dia após dia.



Meu andar vigoroso
Havia se tornado lento
Devagar também...
Ficou meu pensamento
Que não era pleno
Por estar ligado ao passado.



E, por conta disso.
Para não enlouquecer
Amparei-me na bebida
Foi quando alguém me disse
Ser um beco sem saída
Respondi que não pensava
Em sair para lugar nenhum
E continuei a me afogar
Na confortante aguardente.



Não sofri tanto
Dali pra frente
Por viver sempre alcoolizado
Não via a feiura da realidade
Não percebia o quanto
Estava me aniquilando
Nada via à frente!



Nem lamentava o que ficou
Jogado lá atrás
Não sentia sede e nem fome
Estava a ponto de esquecer
O meu próprio nome
Posto que ninguém me chamava
Ao menos pra perguntar as horas.



Meu Rolex havia sido trocado
Por algumas garrafas de cachaça
Naquela semana não senti frio
Mas minha alma
Desconfiada já se preparava
Tal o estado terminal
Em que me encontrava.



Deitado com a cabeça
Apoiada no meio fio
Dentro do silencio
De meu mundo vazio.
Esvaziado!
Pela minha imbecil vaidade
De acreditar que tudo podia
Por ser celebridade.



Estava ali, menos que nada.
Pois, o nada não atrapalha
E nem desprende mau cheiro
Sequer me lembrava
Que tive pela frente
Um mundo inteiro
De sonhos e possibilidade.



O mundo continuava ali
Mas intocável...
Diante das minhas
Atuais e inúteis verdades.
E ali atirado por mim mesmo
Na fria sarjeta
Resmunguei qualquer arenga
Sobre a coisa estar preta.



Foi quando!
Senti em meu pescoço
Uma suave respiração
Fui beijado na fronte
E levado pela mesma mão
Da qual um dia me desprendi
Segui mansamente
E não mais andei a esmo
Dali em diante.



Não voltei a ser o mesmo
Seria extremamente idiota.
Mas, fora do vicio voltei a trabalhar.
Ainda canto, mas apenas por gostar.
Depois que a vida me beijou
Não deixo a morte me abraçar!
Pois mesmo sendo chutada
A vida voltou para me beijar!



Lemos
24/06/2015


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