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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Muito tempo à frente







A minha trajetória
De menino pobre
Confunde-se com a história
De qualquer outro menino
Que teve a infância dura
Como regalo do destino
Que, bem ou mal contada
Não fará diferença
Praticamente em nada
A mesma dureza
A mesma severidade dos pais
Diante das imposições
Que a dificuldade impõe
A mesa cheia de crianças
E de alimentos, quase vazia.
Tempos difíceis!
Realidade nua e fria.


Como se não bastasse
A precoce orfandade
Além da dor da fome
E das agruras do clima
Ainda tinha...
O aperto da saudade
Que alguns anos depois
Duplicou de tamanho
Ainda com pouca idade
Órfão na totalidade
Já sentindo na pele
O real peso e tamanho...
Da responsabilidade!


Que, no entanto não faltou.
A mim nem aos meus irmãos
Que juntos vencemos
E hoje nos encontramos
Sãos e salvos, salvos e sãos!
Pouco tempo com os pais
Que pareciam saber brevidade
Do tempo que tinham
Para educar e ensinar
A difícil arte de viver
Em um mundo que pouco
Muito pouco, tinha a oferecer.
Onde era quase sacrilégio querer
Entretanto, imprescindível buscar
Buscamos o improvável
Que se mostrou possível.


Pouco tínhamos para viver
Nada tínhamos para gastar
Hoje, apesar de modestos ainda.
Felizmente temos algo a doar!
Além da experiência
A que a vida nos impôs
Nossos filhos não precisarão
Passar pelo que passamos
Foi de desencanto em desencanto
Que afinal nos achamos
Dentro do nosso papel de gente
Aprendemos que todo tempo
Tem ainda...
Muito tempo à frente!



Lemos
05/01/2014





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