Havia passado mal o Maridão
Era
assim que ela o chamava
Ele
não gostava, mas aceitava.
Apenas
para não brigar
Naquele
dia passou mal
Mesmo
assim foi trabalhar
Melhor
do que ficar em casa com dor
Vendo
a mulher cutucar o celular.
Saiu
quieto o Maridão
Com
o seu pranto contido
Não
tinha esposa
Mas
nunca tinha visto
Um
casal só de marido
Foi-se
o Maridão
Ficou
a mulher com o fiel celular
Que
já era parte da sua mão
E
que há muito...
Lhe havia roubado a razão.
Lhe havia roubado a razão.
Passou ela, o dia todo
Atracada
com o celular
Nem
se deu conta...
Que era passada a hora
Que era passada a hora
De
o bom marido voltar
Mas
ele não voltou
Morreu
trabalhando
Longe
do seu "lar".
A bela e preguiçosa mulher
Totalmente
sem noção
Só
deu conta de si
Quando
o telefone vibrou
Em
sua mão
Era
a notícia da morte
Do
infeliz Maridão
Que
viveu por viver
Uma
vida sem senão.
E
morreu!
Por confiar demais
Por confiar demais
Em
uma mulher linda e incapaz
De
ver o mundo
Que
existe, além das redes sociais
De
ver o mundo real
Onde...
Não se dá comida estragada
Nem
mesmo a um animal.
Só
para completar
O
Maridão morreu...
De intoxicação alimentar!
Horas depois
Lá estava ela...
Belíssima, à beira do caixão
Belíssima, à beira do caixão
Aos prantos e a cutucar
Não, o maridão não!
Cutucava o maldito celular.
O maridão morreu
Sem ao certo saber se viveu
Sem conhecer...
O significado de casamento.
O significado de casamento.
Sem ver, da vida a real razão
Morreu por desleixo
Deixando...
Casa, carro e uma gorda pensão
E sua linda e loiríssima mulher
Sempre com um telemóvel grudado
Em sua, tão bem cuidada mão
Que jamais fez um cafuné
Ou qualquer outro tipo de carinho
No malfadado Maridão!
Teve mais sorte...
O bom e velho Ricardão!
Lemos
17/02/2015
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