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domingo, 1 de junho de 2014

Descaminhos













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De nada valeram os argumentos da esposa, recém-saída do banho e ainda seminua. Pois muito mais forte ainda era o apelo da rua.

Afinal havia trabalhado a semana inteira. Não iria ficar trancado em casa em plena noite de sexta-feira.
Quanto à sua esposa, esta sim, podia em casa ficar. Afinal! Foi ela que optou em ser do lar.
Nunca ouviu dela sequer uma simples reclamação. Casou-se com ele, e estava sempre a mão. Não lhe causava problemas. Era a mulher que sempre quis. Pouco se importava se era ela, feliz ou não.
Infeliz não se podia dizer que era, tinha a vida que escolheu ao lado de seu marido, quase sempre ausente. Mais vislumbrava a felicidade no azul dos olhos do filho. Este sim sempre em sua vida presente.
Via no azul dos olhos do pequeno Nícolas. O mesmo azul pelo qual um dia se apaixonou. No dia em que decidiu seus diplomas guardar, e ao invés de conquistar o mundo.
Ser rainha do seu lar!
Pobre rainha! Não teve o mundo que sonhou. Na própria lua de mel. O que viria pela frente ela antecipou. Ao invés de enchê-la e beijos e demonstrar seu imenso amor. Foi neste fatídico dia. Que um alcoólatra. Florisvaldo, seu amado se revelou.



Foi nesta hora que seu futuro negro se anunciou.

Quisera a pobre Maria Das Graças, que aquele primeiro porre fosse um falso alarme. Para algumas mulheres, aturar uma bebedeira ou outra. Dá à vida algum charme.
Desde que sobre tempo para viver, pelo menos, alguns momentos de amor. No caso da pobre das Graças.
Grandes foram os momentos de dor.
Dor, de não ter direito a pelo menos com o marido e filho passear. Nunca mais soube o que era um salão de cabeleireiro. O maldito vício e as despesas domésticas consumiam todo o pouco dinheiro.
Pensou em abandonar tudo, mas ficou no vai não vai. Achou que seria maldade separar o filho do pai. Assim foi levando uma vida que não queria. Ainda amava o marido. Acreditava que o salvaria.
Como no inicio não percebeu, que Florisvaldo era uma ilusão. Sensível, como toda mulher acreditava em seu coração.
Achava que seu marido tinha por ela algum amor. Como podia ele amar alguém. Se a si mesmo não dava o devido valor?
Estava resignada a sofrer, em nome do amor e pela felicidade do filho. Por um amor, que tinha dia e hora para acabar. Estava menos difícil do que antes. Pois já não tinha mais lágrimas para chorar!


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