Seis horas já se haviam passado, aquele dia estava se arrastando.
Normalmente quando começava a trabalhar. O
tempo para ela parecia voar!
Todavia, aquele era um dia diferente.
Daqueles, que parecem parar para a gente. Dão a impressão, que são feitos sob medida.
Para os que precisam refletir sobre vida.
Foi justamente refletindo sobre a existência,
que Das Graças pôs a mão na consciência.
Mas,
será que isto foi suficiente. Para que ela se enxergasse como gente?
Gente capaz de errar e acertar! Capaz de consertar
quando errar!
Se era. Até aquele momento não havia provado.
Quem sabe, dali para frente viesse algum resultado?
Apesar de já estar acostumada. O predominante
cheiro de cola, ainda a deixava sonolenta. Enquanto colava as peças. Via sua
vida passar em câmera lenta. Com muita clareza o passado se revelou. Foi quando
viu, onde havia acertado, e também onde errou!
Quando detectava algum erro seu. Consigo
mesmo se revoltava. Nos acertos mentalmente se parabenizava.
Fez até um ligeiro balanço. Se foi mais feliz
ou infeliz!
O resultado?
Não sabe!
Certas coisas a vida não nos diz!
Estava tão bitolada ao trabalho. Que o
executava sem sequer olhar. Isto lhe dava maior liberdade para sonhar.
Sonhou com
uma vida mais alegre e interessante. Onde o seu passado, passaria a ser
irrelevante!
Entre um e outro devaneio. O tempo, que antes
se arrastava agora passava ligeiro. Quando soou o apito para ir embora, pensou:
Onde estive esse dia inteiro?
Apanhou sua bolsa e foi embora. Profetizou:
“tudo será diferente a partir de agora”.
Em casa, jogou-se no sofá. Esqueceu-se de
suas reais, e supostas dores. Nem reparou que em cima da mesa havia um enorme
cesto de flores. Foi o bom filho Nícolas, que lhe chamou à atenção, dizendo:-
Amor à vista! E entregando-lhe um lindo cartão.
Mal conseguia ler o que estava escrito. Nunca
havia recebido um cartão tão bonito.
Estava escrito: Perdoe-me se lhe causei má
impressão.
Nem sempre o que salta aos olhos. É o que vai
ao coração!
De seu admirador: Marcelo, O Negão!
Lemos, 18/01/03 10h39min: 25
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