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sexta-feira, 29 de julho de 2016

O milagre





Juraci casou muito jovem
Com Geraldo mais velho
Que ela quinze anos.
Foram morar no interior
De Minas Gerais uma pequena
Cidade chamada Biguá...
Onde não tinha emprego.
Seus moradores sobreviviam
Da agricultura ou do gado.
A venda era feita na cidade vizinha
Nas feiras livres.
Mas levava dois dias de viagem
E muitos desistiam desse trabalho
Foi o caso de Geraldo
Depois de dez anos casado
E pai de três filhos,
Decidiu buscar renda em São Paulo.
Disse que enviaria o dinheiro
E quando pudesse também
Viria para matar a saudade da família.
Juraci não gostou da solução...
Mas, seu marido já havia decidido.
Arrumou as malas e partiu.
Deixando para trás sua história.
 Ruth era a filha mais velha tinha nove anos naquela época,
Seguida, por Josué de sete e Joel o caçula de cinco.
Nos três primeiros meses uma carta
Com o valor em dinheiro chegou.
O emprego na cidade era de
Ajudante em obras onde Geraldo
Dormia em alojamento.
As cartas silenciaram
E só um pequeno valor chegava,
Passado o primeiro ano
Nem carta e nem dinheiro.
A decisão de Juraci
Foi buscar ajuda na cidade,
Voltou com sacolas cheias
E até doces em lata para
Alegria das crianças.
E todos os meses,
Ela saia e deixava a mais velha
A cuidar dos irmãos.
Não voltava no mesmo dia,
Ficava dois e até três dias,
Mas sempre voltava com a comida
Para alegria de todos!
Com o tempo foi diminuindo
Não trazia mais pra passar o mês.
Por coincidência estava mais velha
Seu corpo vencido pela flacidez.
Agora Ruth era uma linda jovem 23 anos.
Vendo que sua mãe não dava mais conta, se ofereceu para trabalhar.
Com lágrimas nos olhos a mãe
Revela a forma de como conseguia o sustento.
Mas a menina decide fazer diferente,
Foi à cidade em busca de emprego.
E encontrou de balconista.
No início foi difícil acostumar,
Mas aos poucos foi aprendendo.
Sua mãe agora era só do lar,
Não precisava mais vender seu corpo!
Seus irmãos foram crescendo,
O caçula agora com dezoito.
Os rapazes também decidiram ir pra
São Paulo,
Na busca de um bom emprego.
As duas mulheres agora sozinhas,
Encontravam forças na Ave Maria.
Todos os dias Juraci esperava
Ruth com o terço nas mãos
Em frente do portão.
Os filhos no início deram
Notícias, e mandavam também.
O dinheiro para que nada faltasse.
Os dois irmãos trabalhavam juntos
De ajudante numa fábrica.
Depois de um ano as cartas
Acabaram-se e só mesmo o
Dinheiro que chegava.
Às vezes pulava um mês,
Mas no outro não faltava.
Passaram cinco anos,
E um dia Ruth voltando pra casa,
O caminho que fazia era deserto,
A distância entre as casas.
Preenchida por uma floresta,
Cidade pequena!
Em Biguá, não se ouvia falar de violência.
Mas nesse dia foi diferente,
Numa tardezinha fria de outono,
A pobre encontraria,
O que de pior tem no ser humano!
Foi atacada por um conhecido,
Que sabia que por ali,
Sempre no mesmo horário,
Ela passava.
Depois que saía,
Do seu trabalho.
Ameaçada com uma faca,
Um freguês do bar, que sempre.
A importunava.
Como ela o ignorava, quis.
Se vingar.
Com uma faca na mão
Quis obrigar a moça
A entregar seu coração.
Foi neste momento que
Dois rapazes o desarmaram
E o colocou pra correr.
Eram os seus irmãos, que voltaram!
Josué e Joel a salvaram,
Das mãos sujas de Waldomiro.
Recuperada do susto,
Os três seguiram pra casa.
Agora felizes os irmãos
Unidos novamente!
Fariam surpresa para a mãe.
Mas, quando chegaram a casa,
Foram eles surpreendidos,
A cena da mãe no chão,
Com um terço (rosário) na mão,
E sem vida!


Antônia Maria

27/07/2016






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