Ele fugia de algo, de alguém...
Ou de si mesmo
Não olhava para trás
Para não ser tentado
A voltar novamente
Como já havia feito antes
Seus olhos lacrimejavam
Mas, resoluto ele seguia
A contragosto, mas dentro
De sua plena convicção.
Já havia martelado em ferro frio
Para depois se ver frustrado
Habitando em seu próprio vazio
Já não tinha mais, seus dezoito anos
Como no tempo em que tudo começou
Contudo, trazia na alma cicatrizes
Do durante, e da forma como acabou
Não foi ele que escreveu
O seu tumultuado roteiro
Nem traçou seu difícil itinerário.
Apenas, seguiu os seus anseios
Dentro do sonho extraordinário
Espelhando-se naqueles olhos claros
Recebia o reflexo da promessa
De um mundo mais que encantado
Onde colheria os louros da vitória
De sua realização enquanto gente
Mas por mais belo, que seja o espelho
Inevitavelmente, ele sempre mente.
Mostrando os caminhos ao contrário
E mudando a rota do navio
Que aponta a proa para o sul
Quando na realidade vai ao norte
E foi por isso, que passou por anos
Comendo na mão, o que lhe era dado
Coletando erros e muitos enganos
Acreditava, estar em seu porto seguro
E sequer olhava, o mundo ao redor.
Não, ouvia as vozes das pessoas
Que em vão tentavam tirá-lo
De dentro do seu tolo devaneio
Acontece que quem ama muito
Só acredita na inveja do semelhante
E por isso mesmo, se submete à quimera
E se diz, realizado como gente
Envolvendo-se em uma rede invisível
Que se assemelha a um manto protetor.
Foi, exatamente, isso que aconteceu
Com aquele homem, que ontem vi fugindo
Sem querer, me vi naquela cena
Para os que disseram:
- Que sujeito alterado e louco!
Eu digo, que ao medo não se condena
E que o futuro pode ser medonho
Caso o pesadelo...
Não nos tire do sonho!
Lemos
22/09/2022
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