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sábado, 24 de setembro de 2022

Marca de fazendeiro

 


Mau aluno, porém, bom aprendiz

Assim era visto pelo mundo

Quase que autodidata

Dado à velocidade com que aprendia

Disciplina, não era o seu forte

Tinha um gênio praticamente indomável

Que ao meu ver era sua marca

E o que ele tinha de melhor

Quando necessário, se vergava

Mas, forte que era, nunca quebrava.



Bom aprendiz, mau aluno

Porém, dono de sua existência

Eram poucas as regras que seguia

Mas, só quando não havia escolha

Rebelde, mas jamais indolente

Mil tombaram ao seu lado

Contudo, como bom sobrevivente

Não abandonou suas promessas

E nunca perdeu a sua fé.



Aprendia o que julgava precisar.

Refugava o lugar comum

Que via, como marca de fazendeiro

Gravada a ferro quente

Como uma fatídica tatuagem

De impossível remoção

Mau aluno, bom professor

Muito do que agora sei

Foi com ele que aprendi.



Não herdei seu gênio de gladiador

Entretanto, aprendi a me cuidar

E por isso mesmo aqui estou

Empilhando, algumas dezenas de anos

Fujo das banalidades, assim como

O diabo foge da cruz

Se é que isso é verdadeiro

Com tantas vacinas, Butantã, Pfizer e afins

Pode haver alguma contra medo de cruz

Quem sabe, elaborada, a partir de luz!



Meu velho, osso duro de roer

E, dono de um enorme coração

Teimoso como a mais velha mula

Corajoso como um rei leão

Imenso como uma montanha

Dono da razão, estando com ela ou sem

Chutava a bunda dos dogmas

Que os homens de Deus impunham

Mas, nunca blasfemou contra o Pai

Que sabia, ser o único caminho.



Às vezes quando não havia jeito

Levava desaforos para casa

Ou, pelo menos, até as proximidades

Nunca teve medo de lutar

Porém, ele sabia perfeitamente

Dos filhos que tinha para criar

E criou a todos, com igual dedicação

E dentro das suas possibilidades

Todos cresceram e todos venceram

Pelo fato de estarem vivos e serem honestos

Quando muitos de seus amigos

Se perderam, ou já morreram.



Aprendi, que cada pessoa

Deve sempre manter a sua própria essência

E servir ao proposito para o qual...

Veio a este mundo imprevisível

Seguir os seus anseios, desviando-se

Caso seja mesmo algo necessário

Há pedras que não podem ser removidas

Havendo necessidade de contorná-las

Foi isso, que meu velho fez.



Removia os obstáculos possíveis

E se desviava dos que não podia remover

E assim, sempre chegava a meta

Nunca tentou buscar a perfeição

Pois perfeição, era ser padrão

E pensar dentro da famosa caixinha

Algo que nunca fez e jamais faria

Pois subserviência, fatalmente o mataria.



Morreu sim, como todo mundo morre

Mas, foi de morte natural

E um pouco mais novo, do que estou agora

Em seu tempo, as pessoas viviam menos

Não posso dizer que morreu feliz

Pois acredito, que ninguém sorri à morte

Só digo que morreu bem

Por ter vivido do jeito que quis

Com algumas ressalvas, é claro!

Algumas pedras, alguns amores

Certos governantes, padres e até doutores.



Sendo o mundo o que é

Não dá para ser feliz em tempo integral

Todavia, pagar por algum erro que cometeu

Dentro de sua própria iniciativa

É menos frustrante, do que seguir ideias alheias.

Menos radical que ele...

Às vezes, ouço conselhos, quando os peço

Mas, antes de segui-los ainda os rumino

Por um bom espaço de tempo.



Ele do seu jeito, eu do meu

Feliz por ter feito parte da vida dele

E tê-lo tido como parte da minha

Somos todos indivíduos...

Apesar disso sei, que a melhor caminhada

Nenhuma pessoa a faz sozinha!

 


Lemos


Domingo  25/09/2022

 

 

 

 


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