Moro em uma pequena cidade
De noite, escura...
De dia, obscura
Onde tem esgoto a céu aberto
E ditador na prefeitura
Cidade, onde têm ratos
De todas as modalidades
Onde as mentiras, constantemente
Se sobrepõe às verdades
Cidade "incompletável"
Mas, que se crê, mais que completa
Onde as pessoas se submetem
Mas, tentam manter o orgulho
E a espinha ereta.
Contudo, engolem o que lhes é permitido
E seguem suas vidas
Teimando, em acreditar na felicidade.
E sempre sonhando em prosperar
Em um terreno infértil...
Propício, apenas para os parasitas
Que estão prestes a ir embora
Pois, o que havia para sugar
Já foi sugado.
Um lugar, que vai virar deserto
Pois, promete apenas, horrores
Para quem não acompanhar
Os primeiros desertores
Para onde irá esse povo?
Não há como dizer
Pois existem poucos lugares
Onde se possa ficar no mundo.
E quase, que tanto faz
Morrer, de tristeza e escassez
Ficando na própria cidade
Ou sair para morrer
Diante de uma outra realidade
Estranhamente parecida
Com a que ficou para trás.
Quem sabe, entrar em uma bolha
Como nos filmes de ficção
E sair dela, trezentos anos depois
Em uma outra paisagem
Esperando por novos fatos
Mas, se deparar, sendo pisado
Por quem deveria ampará-lo
E, comidos, pelos enormes ratos!
Que serão parecidos...
Com os ratos, do longínquo passado.
Só que, mais numerosos e infinitamente maiores.
E assim, ver o sonho virar pesadelo
Como, amiúde, acontece
Com essa camada chamada, povo
Que se denomina, como a voz de Deus...
Doce ilusão!
Eu acredito quê, se a voz de Deus
Um dia se fez ouvida
Hoje ela, se encontra calada...
E, quando a voz divina
Não tem nada a dizer
Eu, resignado, vejo...
Que não há nada a se fazer?
Pois, se o que tinha de ser chorado
Já o foi por completo
Então, não havendo mais
Lágrimas a derramar
E com todos ombros desativados
É, engolir a tristeza
Sem rebeliões e protestos
A Inês, estando já morta
Não há nenhuma fórmula mágica
Não há bússola sem norte...
Nem placa de saída
Seja ela reta ou torta
Quando não se tem para onde ir
Nem se deixar ao Deus dará
Pois ele já deu...
E, deixamos alguém tomar.
E já, que não resta o choro
Pois ele já está vencido
Pelo menos, um resquício de dignidade
Vendo o fim...
E sabotando, um último gemido.
Lemos
13/05/2024
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