A pífia promotora estava irada.
Algo
peculiar ao seu dia a dia
Com
seu ego inflado.
E, vazia de sabedoria
A imbecil promotora
Achava-se
uma juíza
Mas, a pessoas assim...
Ninguém
avisa
Ninguém avisa!
E
ninguém, mesmo, avisou.
E assim, a Pequena promotora
Seguiu
sempre minguada.
Causando grandes desastres
Por
conta do seu poder
De
sua autoridade
Mas, a raquítica promotora
Estava
longe...
Da justiça e da verdade
Da justiça e da verdade
Embora
trabalhasse...
Em nome delas.
Em nome delas.
Multou
o padeiro João
Por
escavar um poço
No
próprio quintal
Mandou
prender o Elesbão
Por
se embriagar no natal
E
botar fogo no colchão.
Nada
fez!
Ao maldito, policial Pedro
Ao maldito, policial Pedro
Que
espancou um ancião.
Não
prendeu!
O mafioso Estanislau
O mafioso Estanislau
Que
tinha, e ainda tem...
Uma
rechonchuda carteira (billitera)
Mas
ao pobre, ela não perdoava.
Ou
prendia, ou então, multava!
E
nas duas ocasiões humilhava
Até
o nefasto dia
Que
pôs o dedo na cara
Do
matuto Severino
Que
não levava desaforo
Desde
quando pequenino.
Ele tentou argumentar
Ele tentou argumentar
Da
única forma que sabia
Era
homem de capinar...
Plantar, colher e roçar.
Um
desastre, na hora de falar.
E
por isso mesmo...
Ela
o ameaçou de pô-lo na cadeia
E
ouviu a sonora resposta...
Só
vou preso, por coisa muito feia!
E
aquela frase, de forma nada cordial.
Assustou-a!
Do mesmo modo que a atraía.
A
carteira (billetera), do gordo e feio Estanislau.
Contudo, mesmo assim ela o multou
Por
ter cortado um pé de ipê
Ela
nada respondeu
E
chorando pensou:
“Cortei
a árvore e corto você!”
Mas
não a cortou...
Ao
sair da sala...
Sentou-se em um banco
Sentou-se em um banco
E
chorou copiosamente
Molhando
o terno surrado
Que
havia vestido
Para
se tornar...
Um pouco apresentável.
Procurou
seu chaveiro
Para
pegar seu cortador de unhas
Era
assim, que se acalmava.
Mas
seu chaveiro, assim como.
Suas
míseras moedas
Haviam
ficado com o porteiro
E
também seu guarda chuva
Reféns
do detector de metal
Enxugou
as lágrimas disposto a sair
Mas
não saiu naquele momento
Pois
a promotora amadora passou
E
o olhou com ar de desdém
E
entrou no banheiro feminino.
Dez
minutos depois
O
sertanejo saiu...
Calmo, pela porta da frente
Calmo, pela porta da frente
Assobiando
uma canção
Com
seu chaveiro preso a cintura
E
seu negro guarda chuva
Rodopiando
em sua mão
Só
um pouco mais tarde
Encontraram
a extinta promotora
Pendurada
no registro do banheiro
Por
uma velha gravata ensebada.
E, fortemente amordaçada
Com um encardido lenço
Com um encardido lenço
Salpicado
de bolinhas azuis
Era
o fim...
Da maldita, cabra da peste!
Da maldita, cabra da peste!
Naquele
tempo era assim...
No árido nordeste
No árido nordeste
Foi
assim que se descobriu
Que
gravatas não acionam
Detectores
de metais
E
que porteiros, são todos iguais.
Ficam
na porta o dia inteiro
E, raramente vão ao banheiro
E
quando o fazem...
Por
um capricho do destino...
Jamais
usam o banheiro feminino!
Nunca mais se ouviu...
O irritante toc toc
De seus sapatos vermelhos.
De seus sapatos vermelhos.
Lemos
24/08/1972
Nenhum comentário:
Postar um comentário