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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O irritante toc toc



pífia promotora estava irada.
Algo peculiar ao seu dia a dia
Com seu ego inflado.
E, vazia de sabedoria
A imbecil promotora
Achava-se uma juíza
Mas, a pessoas assim...
Ninguém avisa
Ninguém avisa!
E ninguém, mesmo, avisou.



E assim, a Pequena promotora
Seguiu sempre minguada.
Causando grandes desastres
Por conta do seu poder
De sua autoridade
Mas, a raquítica promotora 
Estava longe...
Da justiça e da verdade
Embora trabalhasse...
Em nome delas.



Multou o padeiro João
Por escavar um poço
No próprio quintal
Mandou prender o Elesbão
Por se embriagar no natal
E botar fogo no colchão.
Nada fez!
Ao maldito, policial Pedro
Que espancou um ancião.



Não prendeu!
O mafioso Estanislau
Que tinha, e ainda tem...
Uma rechonchuda carteira (billitera)
Mas ao pobre, ela não perdoava.
Ou prendia, ou então, multava!
E nas duas ocasiões humilhava
Até o nefasto dia
Que pôs o dedo na cara
Do matuto Severino
Que não levava desaforo
Desde quando pequenino.



Ele tentou argumentar
Da única forma que sabia
Era homem de capinar...
Plantar, colher e roçar.
Um desastre, na hora de falar.
E por isso mesmo...
Ela o ameaçou de pô-lo na cadeia
E ouviu a sonora resposta...
Só vou preso, por coisa muito feia!



E aquela frase, de forma nada cordial.
Assustou-a!
Do mesmo modo que a atraía.
A carteira (billetera), do gordo e feio Estanislau.
Contudo, mesmo assim ela o multou
Por ter cortado um pé de ipê
Ela nada respondeu
E chorando pensou:
“Cortei a árvore e corto você!”



Mas não a cortou...
Ao sair da sala...
Sentou-se em um banco
E chorou copiosamente
Molhando o terno surrado
Que havia vestido
Para se tornar...
Um pouco apresentável.
Procurou seu chaveiro
Para pegar seu cortador de unhas
Era assim, que se acalmava.



Mas seu chaveiro, assim como.
Suas míseras moedas
Haviam ficado com o porteiro
E também seu guarda chuva
Reféns do detector de metal
Enxugou as lágrimas disposto a sair
Mas não saiu naquele momento
Pois a promotora amadora passou
E o olhou com ar de desdém
E entrou no banheiro feminino.



Dez minutos depois
O sertanejo saiu...
Calmo, pela porta da frente
Assobiando uma canção
Com seu chaveiro preso a cintura
E seu negro guarda chuva
Rodopiando em sua mão
Só um pouco mais tarde
Encontraram a extinta promotora
Pendurada no registro do banheiro
Por uma velha gravata ensebada.



E, fortemente amordaçada
Com um encardido lenço
Salpicado de bolinhas azuis
Era o fim...
Da maldita, cabra da peste!
Naquele tempo era assim...
No árido nordeste
Foi assim que se descobriu
Que gravatas não acionam
Detectores de metais
E que porteiros, são todos iguais.



Ficam na porta o dia inteiro
E, raramente vão ao banheiro
E quando o fazem...
Por um capricho do destino...
Jamais usam o banheiro feminino!



Nunca mais se ouviu...
O irritante toc toc
De seus sapatos vermelhos.



Lemos
24/08/1972







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